A reflexão filosófica
A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por ele, volta-se para si mesmo como fonte do que foi pensado. É a concentração mental em que o pensamento busca examinar, compreender e avaliar sua próprias ideias, vontades, desejos, sentimentos.
A reflexão filosófica é radical, pois vai à raiz do pensamento. Não somos, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com outros seres humanos, como os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos. Exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem e dos gestos como por meio de ações, comportamentos e condutas.
A reflexão filosófica também se volta para compreender o que se passa em nós nessas relações que mantemos com a realidade circundante. Organiza-se em torno de três grandes conjuntos de questões:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos e fazemos?
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Essas três questões têm como objetos de indagação o pensamento, a linguagem e a ação, e podem ser resumidas em "O que é pensar?", "O que é falar?" e "O que é agir?". Elas nos conduzem, necessariamente, à seguinte pergunta: "O que pensamos, dizemos e fazemos em nossas crenças cotidianas constitui ou não um pensamento verdadeiro, uma linguagem coerente e uma ação dotada de sentido?"
Como vimos, a atitude filosófica dirige-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. É um saber sobre a realidade exterior ao pensamento.
Já a reflexão filosófica se dirige ao pensamento, à linguagem e à ação. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade de conhecer, falar e agir próprias dos seres humanos. É um saber sobre a realidade interior aos seres humanos.
Reflexão: Palavra empregada na física para descrever o movimento de propagação de uma onda luminosa ou sonora quando, na passagem de um meio para outro, encontra um obstáculo e retorna ao meio de onde partiu. É esse retorno a meio para outro partiu. É esse retorno ao ponto de partida que é conservado quando a palavra é usada na filosofia.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Filosofia com atividade reflexiva e sua importância para o exercício da cidadania
a)Diferença existente entre o filósofo não especialista e o filósofo especialista: o filósofo não especialista é aquele que pratica a Filosofia no nível do senso comum, pois ela está presente na linguagem, na religião, nas crenças, no modo de pensar e agir, enfim, no cotidiano das pessoas.
O filósofo não especialista: pensa, reflete, raciocina, observando mais cuidadosamente as regras da lógica e os procedimentos metodológicos que utiliza; conhece a história do pensamento, isto é, a história da Filosofia; é capaz de analisar os problemas de seu tempo à luz da contribuição dos filósofos do passado que já se debruçaram sobre eles.
b)Combater e destruir o preconceito de que a Filosofia é uma atividade muito difícil e restrita a uma minoria privilegiada.
c)Porque contribui para manter as pessoas em geral afastadas do contato com a Filosofia e com o exercício de filosofar. Assim, essas pessoas deixariam de ter acesso a um conjunto de instrumentos culturais (conceitos, teorias, métodos de pensar) que lhes seriam da maior importância para a compreensão crítica e a transformação da realidade em que vivem.(C.A. páginas 28 a 30).
1)O amor pela sabedoria(Filosofia) deve ser entendido como um amor voltado para desvendar o real. Não se trata nesse caso de um amor meramente contemplativo, mas um amor que reflete uma atitude, que desencadeia uma atividade que tem o sentido de revelar outras outras possibilidades para entender o cotidiano vivido. Um amor que visa apreender a complexidade da experiência vivida que nem sempre se revela de imediato. Um amor que leva a pensar e repensar o vivido para aprofundar-se na sua compreensão.
2)O philosopho é o amante do saber, enquanto que o philodoxo é o amante da opinião. Assim, o filósofo é o que busca o saber verdadeiro, elaborado, crítico, bem fundamentado, enquanto o filodoxo contenta-se com o saber superficial, fundado apenas na opinião, no achismo. (C.A. página 32)
1)Refletir não é o mesmo que pensar. O pensamento é um ato corriqueiro, singelo, espontâneo, que realizamos descompromissadamente a todo instante, até mesmo sem perceber. A reflexão, por sua vez, é uma atitude mais consciente, mais comprometida, que implica pensar mais profundamente sobre determinado assunto, repensá-lo, problematizá-lo, submetendo-o à dúvida, à crítica, à análise, buscando ser verdadeiro significado. ( C.A. página 33)
1)Significa que a reflexão, para ser filosófica, deve satisfazer à pelos menos três exigências: ser radical, isto é, analisar em profundidade o problema em questão, buscando chegar às suas raízes, aos seus fundamentos; ser rigorosa,ou seja, proceder com coerência, de forma sistemática, segundo um método bem definido, para propiciar conclusões válidas e bem fundamentadas; ser de conjunto, isto é, tomar o objeto em questão não de forma isolada e abstrata, mas sob uma perspectiva de totalidade, ou seja, levando em consideração os diversos fatores que, em um dado contexto, o determinam e condicionam. (C.A. página 35)
a)Diferença existente entre o filósofo não especialista e o filósofo especialista: o filósofo não especialista é aquele que pratica a Filosofia no nível do senso comum, pois ela está presente na linguagem, na religião, nas crenças, no modo de pensar e agir, enfim, no cotidiano das pessoas.
O filósofo não especialista: pensa, reflete, raciocina, observando mais cuidadosamente as regras da lógica e os procedimentos metodológicos que utiliza; conhece a história do pensamento, isto é, a história da Filosofia; é capaz de analisar os problemas de seu tempo à luz da contribuição dos filósofos do passado que já se debruçaram sobre eles.
b)Combater e destruir o preconceito de que a Filosofia é uma atividade muito difícil e restrita a uma minoria privilegiada.
c)Porque contribui para manter as pessoas em geral afastadas do contato com a Filosofia e com o exercício de filosofar. Assim, essas pessoas deixariam de ter acesso a um conjunto de instrumentos culturais (conceitos, teorias, métodos de pensar) que lhes seriam da maior importância para a compreensão crítica e a transformação da realidade em que vivem.(C.A. páginas 28 a 30).
1)O amor pela sabedoria(Filosofia) deve ser entendido como um amor voltado para desvendar o real. Não se trata nesse caso de um amor meramente contemplativo, mas um amor que reflete uma atitude, que desencadeia uma atividade que tem o sentido de revelar outras outras possibilidades para entender o cotidiano vivido. Um amor que visa apreender a complexidade da experiência vivida que nem sempre se revela de imediato. Um amor que leva a pensar e repensar o vivido para aprofundar-se na sua compreensão.
2)O philosopho é o amante do saber, enquanto que o philodoxo é o amante da opinião. Assim, o filósofo é o que busca o saber verdadeiro, elaborado, crítico, bem fundamentado, enquanto o filodoxo contenta-se com o saber superficial, fundado apenas na opinião, no achismo. (C.A. página 32)
1)Refletir não é o mesmo que pensar. O pensamento é um ato corriqueiro, singelo, espontâneo, que realizamos descompromissadamente a todo instante, até mesmo sem perceber. A reflexão, por sua vez, é uma atitude mais consciente, mais comprometida, que implica pensar mais profundamente sobre determinado assunto, repensá-lo, problematizá-lo, submetendo-o à dúvida, à crítica, à análise, buscando ser verdadeiro significado. ( C.A. página 33)
1)Significa que a reflexão, para ser filosófica, deve satisfazer à pelos menos três exigências: ser radical, isto é, analisar em profundidade o problema em questão, buscando chegar às suas raízes, aos seus fundamentos; ser rigorosa,ou seja, proceder com coerência, de forma sistemática, segundo um método bem definido, para propiciar conclusões válidas e bem fundamentadas; ser de conjunto, isto é, tomar o objeto em questão não de forma isolada e abstrata, mas sob uma perspectiva de totalidade, ou seja, levando em consideração os diversos fatores que, em um dado contexto, o determinam e condicionam. (C.A. página 35)
Conceitos éticos kantianos
.Autonomia: independência da vontade em relação a qualquer desejo ou objeto de desejo e a sua capacidade de determinar-se em conformidade com uma lei própria, que é a da razão. O que está dentro de nós decide a nossa ação.
.Heteronomia: a vontade é determinada pelos objetos da faculdade de desejar. O que está fora de nós decide a nossa ação.
.Imperativo Categórico: ordena uma ação que é boa em si mesma, por si mesma objetivamente necessária. Aja de tal modo que a máxima de sua ação possa ser universalizada. Não faça ao outro o que não gostaria que ele fizesse a você.
.Imperativo Hipotético: ordena uma ação que é boa relativamente a um objeto possível ou real. Neste caso precisamos sempre pensar em que caminho ou quais atitudes devemos tomar para a realização dos nossos objetivos. Exemplo: objetivo: fazer uma faculdade, caminho a ser trilhado: estudar e ser aprovado nas avaliações, imperativo hipotético: para conseguir fazer uma faculdade devemos estudar e ser aprovado nas avaliações.
.Autonomia: independência da vontade em relação a qualquer desejo ou objeto de desejo e a sua capacidade de determinar-se em conformidade com uma lei própria, que é a da razão. O que está dentro de nós decide a nossa ação.
.Heteronomia: a vontade é determinada pelos objetos da faculdade de desejar. O que está fora de nós decide a nossa ação.
.Imperativo Categórico: ordena uma ação que é boa em si mesma, por si mesma objetivamente necessária. Aja de tal modo que a máxima de sua ação possa ser universalizada. Não faça ao outro o que não gostaria que ele fizesse a você.
.Imperativo Hipotético: ordena uma ação que é boa relativamente a um objeto possível ou real. Neste caso precisamos sempre pensar em que caminho ou quais atitudes devemos tomar para a realização dos nossos objetivos. Exemplo: objetivo: fazer uma faculdade, caminho a ser trilhado: estudar e ser aprovado nas avaliações, imperativo hipotético: para conseguir fazer uma faculdade devemos estudar e ser aprovado nas avaliações.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
O pacto e a instituição da sociedade
Segundo a noção de contrato social, a sociedade foi instituída pelos seres humanos por meio de um pacto coletivo - um contrato -, com base no qual os indivíduos convivem. O contrato estabelece regras e leis, assim como um poder que organiza a coletividade e atua como árbitro nas disputas entre seus membros. As filosofias baseadas nessa ideia ficaram conhecidas como contratualismo ou jusnaturalismo.
O primeiro grande filósofo contratualista foi Thomas Hobbes. Preocupado com a situação política da Inglaterra, agitada pela disputa entre os defensores da monarquia e os que desejavam instituir uma república, ele escreveu duas obras políticas: Sobre o cidadão (1642) e Leviatã (1651). Nelas, Hobbes defende um governo monárquico e absolutista, e em meio a sua argumentação desenvolve a ideia de contrato social.
Hobbes se afasta de Aristóteles, para quem os seres humanos seriam naturalmente sociais. Segundo Hobbes, a natureza humana é individualista e egoísta, e os seres humanos não viveram sempre em comunidade. Se resolveram viver em agrupamentos sociais organizados, foi simplesmente para garantir a sobrevivência. Antes dessa organização, segundo parte dos contratualistas, os seres humanos viviam em um "estado de natureza", ou seja, de modo primitivo. No caso de Hobbes, esse estado é apresentado como uma guerra constante de todos contra todos, o que o levou a dizer que "o homem é o lobo do homem".
Cada um queria impor sua vontade, e todos desejavam acumular bens. Como não existia uma regulamentação sobre o direito de propriedade, vencia o mais forte, seja no sentido físico ou intelectual. Ninguém se sentia seguro, era preciso estar sempre em vigília. Portanto, ainda segundo os filósofos contratualistas, os indivíduos se cansaram de viver dessa forma.
Segundo Hobbes, o pacto social foi feito para selar a paz entre as pessoas, garantindo a cada indivíduo o direito de viver e acumular bens, sem o medo constante de ser roubado ou assassinado. E o pacto seria justamente a abdicação da liberdade natural de cada um em nome da segurança de todos. Os indivíduos se reúnem e pactuam que dali por diante viverão todos sob as ordens de um único chefe, que tem a responsabilidade de garantir a segurança de todos. Para isso, ele cria leis que regulamentam a vida naquela comunidade e servirão para arbitrar disputas entre membros do grupo.
De acordo com Hobbes, antes do contrato social não há povo, há uma multidão, que não é um corpo político, pois não tem uma unidade. É o pacto coletivo que transforma a multidão em povo, em uma unidade política em torno de um projeto comum: a garantia da sobrevivência e do direito de propriedade. Para esse filósofo, uma vez feito o contrato os indivíduos já não podem desistir dele, exceto se o soberano já não for capaz de garantir a segurança e a vida de todos, pois foi em nome disso que se realizou o pacto.
As ideias políticas de Hobbes estão presentes nas monarquias absolutistas europeias dos séculos XVII e XVIII. Entretanto, a situação política da Inglaterra e depois toda a Europa tendeu para uma política liberal, que contribuiria para formar monarquias constitucionais, Estados republicanos e democráticos. No plano do pensamento político, sua ideia de contrato social teve vida mais longa e serviu de matriz para outras teorias políticas.
O pacto e o direito à propriedade
Assim como Hobbes, o médico, filósofo e político Jonh Locke se apoiou nas ideias de estado de natureza e contrato social para construir sua filosofia política. Locke defendia uma monarquia parlamentarista, na qual o poder estaria no Parlamento, nos representantes da população, e não na realeza. Esse sistema foi instaurado com a Revolução de 1689, sendo John Locke um dos que contribuíram com sua fundamentação teórica.
Como você já estudou, embora tenha sido influenciado por Descartes, Locke discordava de ideias inatas. Discordava igualmente da existência de um poder inato ou de origem divina. Para ele, todo poder vem do povo. A teoria de Hobbes ajudou-o a desenvolver essa ideia, mas, contrariamente a Hobbes, Locke não via nesse estado uma guerra permanente. Segundo Locke, o fato de os homens viverem na mais absoluta liberdade não implica que vivessem sem leis. No estado de natureza os homens seriam governados pela lei natural da razão, sendo seu princípio básico a preservação da vida. Portanto, as pessoas não agrediam nem matavam indistintamente, apenas para impor sua vontade ou tomar a propriedade de alguém.
De acordo com Locke, todo indivíduo já nasce proprietário de seu corpo e de sua capacidade de trabalho. Tudo aquilo que produzir, retirando da natureza ou transformando, por meio de seu próprio trabalho, será de sua propriedade, uma vez que empenhou seu corpo e sua vida nessa tarefa. Portanto, em seu estado natural os seres humanos, além de gozarem da plena e absoluta liberdade, podem ter acesso a propriedades. O que os teria levado, então, a abandonar esse estado, instituindo a sociedade civil.
Como o tempo, o produto do trabalho humano e o acesso à propriedade se tornaram mais complexos. Em determinado momento, passou a ser necessário arbitrar sobre os direitos, devido às disputas que começaram a surgir entre os indivíduos. Se todos são iguais, quem é o verdadeiro proprietário dos produtos do trabalho? Se todos são iguais, quem pode arbitrar as questões para fazer justiça?
Os indivíduos reuniram-se em comunidade, diz Locke, com o objetivo de facilitar o gozo do direito de propriedade que, mesmo possível, era incerto e inseguro quando se vivia em estado natural. Para o filósofo, portanto, o principal objetivo do contrato social é a preservação do direito de propriedade.
O pacto entre os indivíduos institui a sociedade civil e o Estado. Para Hobbes, o contrato é um pacto de submissão que visa a instaurar uma situação contrária àquela que vigorava no estado de natureza, preservando a segurança das vidas humanas; já para Locke o contrato se configura como um pacto de consentimento em que os indivíduos, longe de se submeterem todos a um poder comum, concordam em instituir leis que preservem e garantam tudo aquilo que eles já desfrutavam no estado de natureza. O contrato social é, para Locke, a garantia dos direitos naturais, e não a criação de outros direitos.
Locke exemplifica com um tipo bem corriqueiro de associação civil: o casamento. No casamento, dois indivíduos consntem na união, e só por isso ela é possível. O mesmo se aplica ao Estado.
Sendo fruto do consentimento de todos, a instituição de uma sociedade política não significa uma renúncia à liberdade individual, mas sim a instauração de uma nova forma de liberdade, a liberdade civil, que não se contrapõe à liberdade natural, mas a preserva e a amplia. Os direitos naturais se tornam políticos.
Kant e a ética como ação segundo o dever
No século XVIII, o filósofo alemão Immanuel Kant desenvolveu uma concepção de ética baseada na ideia de que as ações humanas são orientadas por intenções, não por finalidades, como afirmava Aristóteles. E como intenção fundamental das ações humanas Kant destaca a noção de dever. As perguntas básicas da ética pensada nesses termos seriam: o que devo fazer? Como devo agir?
Costuma-se caracterizar o século XVIII como o "século da moral", por ter sido profundamente marcado pelo iluminismo, um projeto pedagógico-político de construção da autonomia da razão e emancipação de homens e mulheres, fornecendo-lhes os meios intelectuais para uma ação consciente. É nesse contexto histórico e filosófico que se delineia o projeto ético de Kant.
Kant lançou as bases de seu pensamento sobre ética na obra "Fundamentação da metafísica dos costumes (1785). O projeto foi desenvolvido e aprofundado em Crítica da razão prática (1788) e Metafísica dos costumes (1797-1798). O sujeito moral, que age racionalmente, é uma das facetas do ser humano, segundo Kant. As outras são o sujeito de conhecimento, que busca o saber, e o sujeito estético, que percebe o mundo e produz arte.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Avaliações de Filosofia para o 1º Bimestre
1º ano do ensino médio:
1) Por que Aristóteles valoriza o estudo da alma? Justifique. Página 7 do C. do aluno.
2) Qual a diferença existente entre a forma de captar informações do meio externo e reproduzi-las internamente do homem e do computador? Justifique.
3) Como compreendemos o funcionamento das coisas, segundo John Locke? Justifique. Página 13 do C. do aluno.
4) Qual é a única fonte da maioria da ideias que temos, segundo John Locke? Justifique. Páginas 13 e 14 do C. do aluno.
5) Como se dá o conhecimento, segundo Kant? Justifique. Página 19 do C. do aluno.
2º ano do ensino médio:
1) Por que Descartes concluiu que era uma substância pensante? Justifique. Página 7 do C. do aluno.
2) Quais as faculdades do pensamento e qual a mais importante no processo de correção da nossa forma de pensar? Páginas 9 e 10 do C. do aluno.
3) Quais são as potências da alma e qual a mais importante para chegarmos à felicidade, segundo Aristóteles? Justifique. Página 21 do C. do aluno.
4) Qual a diferença existente entre a proposta ética de Epicuro e Aristóteles, no que se refere ao conhecimento? Justifique. Páginas 21 e 24 do C. do aluno.
5) Qual a relação existente entre a ética sartreana e a liberdade? Justifique. Página 32 do C. do aluno.
3º ano do ensino médio
1) Por que Tales é considerado o primeiro filósofo da História ocidental? Página 9 do C. do aluno.
2) Qual o principal objeto de investigação dos pré-socráticos? Quais os principais objetos de investigação de Sócrates e que implicações isto traz? Justifique. Páginas 9, 19 e 20 do C. do aluno.
3) Qual o real motivo da condenação de Sócrates à morte pelo governo grego? Justifique. Página 20 do C. do aluno.
4) Qual a importância da consciência para o processo filosófico, segundo Antônio Gramsci? Justifique. Página 25 do C. do aluno.
5) Por que Antônio Gramsci diz que todos os homens são filósofos? Justifique. Páginas 28 e 29 do C. do aluno.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Hannah Arendt e a crítica aos totalitarismos
Hannah Arendt viveu o horror da ascensão do nazismo na Alemanha e a crescente perseguição aos judeus, com o fortalecimento de um discurso político racista. De família judia, viu-se obrigada a exilar-se nos Estados Unidos. Dedicou-se então a refletir sobre o totalitarismo, essa nova forma de governo, tomando-o como um problema filosófico e não apenas social.
Em seu livro "As origens do totalitarismo", publicado em 1951, Arendt propõe uma explicação por meio de um amplo estudo histórico e político desta nova forma de governo. Nas duas primeiras partes do livro - antissemitismo e imperialismo - a autora oferece alguns dos elementos que, ao se cristalizarem, permitiram a ascensão do totalitarismo alemão. Na terceira parte do livro, ela analisa os elementos que constituem os dois governos totalitários: a Alemanha de Hitler e o regime soviético sob Stalin. Estes regimes se fundamentam, segundo a autora, em uma ideologia, no terror e na mobilização das massas.
O totalitarismo é uma negação radical das liberdades individuais. A questão filosófica que ele suscita é: como podem as pessoas consentir com a negação de sua própria liberdade, suportando e até apoiando esse tipo de regime político?
Arendt retoma as clássicas análises de Montesquieu, para afirmar que o totalitarismo escapa a esse sistema analítico da política clássica. Ela afirma que no esquema analítico de Montesquieu há certos princípios de ação que são seguidos pelos indivíduos como cidadãos, em cada regime político, bem como pelos governantes. Numa monarquia, esse princípio é a honra; numa república, é a virtude; numa tirania, é o medo. Em outras palavras: numa república, tanto o cidadãos quanto governantes sentem orgulho em não dominar os demais, ao menos naquilo que diz respeito aos assuntos públicos; numa monarquia, as pessoas agem visando à honra pública, isto é, querem ser reconhecidas como alguém honrado; numa tirania, o que move as ações é o medo, medo dos súditos em relação ao tirano, mas também o medo dos tiranos e relação aos súditos. Todo esse esquema está baseado em uma separação das esferas privada e pública da vida. As relações políticas dizem respeito, claro, à esfera pública; o que o indivíduo faz em sua vida privada é uma outra história.
Segundo Arendt, o totalitarismo escapa a esse esquema, na medida em que sua pretensão é a dominação total do ser humano, apagando a distinção entre as esferas pública e privada. Um governo totalitário não quer dominar apenas o cidadão (esfera pública); ele quer dominar também o indivíduo (esfera privada). Sendo assim, é evidente que o princípio de ação do governo totalitário não é a virtude nem a honra. Seria o medo? Será que as pessoas aderem ao totalitarismo por medo? Arendt afirma que não. O totalitarismo não é uma tirania como aquelas classicamente conhecidas. Os governados até podem até sentir medo; mas os governantes totalitários não imprimem o terror por medo dos governados. Para Arendt, o princípio político do totalitarismo é o terror, que torna desnecessário qualquer daqueles princípios de ação propostos por Montesquieu.
A questão central do governo totalitário é que ele se coloca fora do esquema de ser um poder legal, de direito, ou ilegal, arbitrário. A dominação totalitária não segue a lei tradicionalmente conhecida; segue um esquema lógico, que se considera uma "lei da História", no caso de Stalin, ou uma "lei da natureza", no caso de Hitler. Ambas as leis estão além das convenções humanas e não podem ser debatidas ou humanamente controladas. Um exemplo: nenhum regime político pode matar os cidadãos, pois a lei garante o respeito à vida; mas o totalitarismo nazista matou "legalmente" milhões de judeus, pois estava seguindo uma "lei da natureza" de purificação da raça, segundo suas ideias. Os governantes nazistas diziam estar fazendo um "bem à humanidade" ao matar os judeus. E consideravam que o faziam segundo a lei, e não de modo arbitrário e ilegal. Aí está a base do terror totalitário: transformar em legal uma ação abominável dos governantes.
Segundo Arendt, o totalitarismo captura os indivíduos porque eles se encontram totalmente isolados, sem laços sociais. É o que ela chama de uma "sociedade atomizada", que perde sua coesão. Diferenciando isolamento de solidão (na solidão a pessoa está "consigo mesma", enquanto no isolamento nem consigo ela dialoga), a pensadora afirma que o terror totalitário consegue unir esses indivíduos isolados na mesma medida em que os mantêm isolados. E ainda amplia seu isolamento porque só indivíduos isolados podem ser dominados por completo, sem opor resistência. O terror totalitário não forma uma comunidade política de fato, em que as pessoas participam de uma vida comum. O totalitarismo transforma o povo em "massa", em multidão, que Hobbes dizia ser algo anterior ao pacto político.
Outro aspecto importante do totalitarismo é que seu governo só existe enquanto se mantém em movimento. É essa a razão do expansionismo totalitário, que precisa conquistar outros países, outros territórios. Seu limite é o mundo todo. Sua proposta é fundir todos os indivíduos em uma única humanidade, ainda que estejam todos isolados uns dos outros, sob um mesmo governo totalitário.
Ainda segundo Arendt, o totalitarismo prepara os indivíduos para serem ao mesmo tempo carrascos e vítimas. É assim que funciona o terror totalitário: ninguém está a salvo. Mesmo aqueles que ocupam postos de poder no governo podem, de uma hora para outra, cair em desgraça e tornar-se vítimas, sofrendo o mesmo destino que impunham a outros. Isso é garantido por meio da ideologia, e sua propaganda.
O totalitarismo constrói uma ideologia, um sistema explicativo do mundo e da vida, que não tem necessariamente relação com a experiência concreta, mas explica tudo, o passado e o futuro. O poema de Bertolt Brecht, escrito na década de 1930, sob o calor do regime hitlerista, mostra bem claramente o mecanismo da propaganda nos regimes totalitários.
"Necessidade da propaganda
É possível que em nosso país nem tudo ande como deveria andar.
Mas ninguém pode negar que a propaganda é boa.
Mesmo os famintos devem admitir
Que o Ministro da Alimentação fala bem.
Quando o regime liquidou mil homens
Num único dia, sem investigação nem processo
O Ministro da Propaganda louvou a paciência infinita do Führer
Que havia esperado tanto para ter a matança
E havia acumulado os patifes de bens e distinções
Fazendo-o num discurso tão magistral, que
Naquele dia não só os parentes das vítimas
Mas também os próprios algozes chorarm.
E quando em um outro dia o maior dirgível do Reich
Se desfez em chamas, porque o haviam enchido de gás inflamável
Poupando o gás não inflamável para fins de guerra
O Ministro da Aeronáutica prometeu diante dos caixões dos mortos
Que não se deixaria desencorajar, o que ocasionou
Uma grande ovação. Dizem que houve aplausos
Até mesmo de dentro dos caixões.
E como é exemplar a propaganda
Do lixo e do livro do Führer
Onde quer que esteja jogado.
Para propagar o hábito de juntar trapos, o poderoso Göring
Declarou-se o maior "juntador de crápulas" de todos os tempos
E para acomodar os crápulas fez construir
No centro da capital do Reich
Um palácio ele mesmo do tamanho de uma cidade.
Um bom propagandista
Transforma um monte de esterco em local de veraneio.
Quando não há manteiga, ele demonstra
Como um talhe esguio faz um homem esbelto.
Milhares de pessoas que o ouvem discorrer sobre as autoestradas
Alegram-se como se tivessem carros.
Nos túmulos dos que morreram de fome ou em combate
Ele planta louros. Mas já bem antes disso
Falava de paz enquanto os canhões passavam.
Somente através de propaganda perfeita
Pôde-se convencer milhões de pessoas
Que o crescimento do Exército constitui obra de paz
Que cada novo tanque é uma pomba da paz
E cada novo regimento uma prova de
Amor à paz.
Mesmo assim: bons discursos podem conseguir muito
Mas não conseguem tudo. Muitas pessoas
Já se ouve dizerem: pena
Que a palavra "carne" apenas não satisfaça, e
Pena que a palavra "roupa" aqueça tão pouco.
Quando o Ministro do Planejamento faz um discurso de louvor à nova
impostura
Não pode chover, pois seus ouvintes
Não têm com que se proteger.
Ainda algo mais desperta dúvidas
Quanto à finalidade da propaganda: quanto mais propaganda há em
nossa país
Tanto menos em outras países.
BRECHT, Bertolt. Sátiras alemãs. In: Poemas 1913-1956. 4. ed.
São Paulo: Brasiliense: 1990. p. 197-199.
Segundo Arendt, a grande lição do totalitarismo, o perigo que ele representa, é o isolamento dos seres humanos. Ainda que esse isolamento seja o sintoma de uma sociedade de massas, ele é contrário à condição humana, segundo a qual os seres humanos habitam o planeta como coletividade, e não como seres solados. O modo de evitar novos regimes de terror, portanto, é resgatar os laços sociais e políticos entre os indivíduos.
Segundo Arendt, a grande lição do totalitarismo, o perigo que ele representa, é o isolamento dos seres humanos. Ainda que esse isolamento seja o sintoma de uma sociedade de massas, ele é contrário à condição humana, segundo a qual os seres humanos habitam o planeta como coletividade, e não como seres solados. O modo de evitar novos regimes de terror, portanto, é resgatar os laços sociais e políticos entre os indivíduos.
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