quinta-feira, 14 de maio de 2015

A origem da linguagem

Durante muito tempo a filosofia preocupou-se em definir a origem e as causas da linguagem. Uma primeira divergência sobre o assunto surgiu na Grécia: a linguagem é natural aos homens ou é uma convenção social? Se a linguagem for natural, as palavras possuem um sentido próprio e necessário; se for convencional, são decisões consensuais da sociedade e, nesse caso, são arbitrárias.
Esse discurso levou, séculos mais tarde, à seguinte conclusão: a linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica e fisiológica que lhes permite expressarem-se pela palavra; no entanto, as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, são fatos culturais.
Uma vez constituída uma língua, ela se torna uma estrutura ou um sistema dotado de necessidade interna e passa a funcionar como se fosse algo natural, com leis e princípios próprios, independentes dos sujeitos que a empregam.
Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas:
1. a linguagem nasce por imitação: os humanos imitam, pela voz, os sons da natureza. A origem da linguagem seria, portanto, onomatopeia;
2. a linguagem nasce por imitação dos gestos: nasce como uma espécie de pantomima ou encenação, na qual o gesto indica um sentido. Pouco a pouco o gesto passou a se acompanhar de sons, e estes foram se tornando palavras;
3. a linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, a necessidade de se abrigar e se proteger, a necessidade de se reunir em grupo para se defender das intempéries, dos animais e de outros homens mais fortes levaram à criação de palavras. Com isso, formou-se um vocabulário elementar e rudimentar que, gradativamente, tornou-se mais complexo e transformou-se numa língua;
4. a linguagem nasce das emoções, particularmente do grito (medo, surpresa ou alegria), do choro (dor, medo, compaixão) e do riso (prazer, bem-estar, felicidade). Citando Rousseau: "Não é a fome ou a sede, mas o amor ou o ódio, a piedade, a cólera, que aos primeiros homens lhes arrancaram as primeiras vozes... Eis por que as primeiras línguas foram cantantes e apaixonadas antes de serem simples e metódicas".
Assim, para Rousseau, a linguagem, por nascer das paixões, foi antes linguagem figurada e por isso surgiu como poesia e canto, tornando-se prosa muito depois; e as vogais nasceram antes das consoantes. Assim como a pintura nasceu antes da escrita, também os homens primeiro cantaram seus sentimentos e só muito depois exprimiram seus pensamentos.
Essas teorias não são excludentes. É muito possível que a linguagem tenha nascido de todas essas fontes ou modos de expressão, e os estudos de psicologia genética mostram que uma criança se vale de todos esses meios para começar a se exprimir.



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