terça-feira, 5 de maio de 2015

O nascimento da Filosofia

Os historiadores da filosofia dizem que ela tem data e local de nascimento: fim do século VII a.C. e início do século VI a.C., na cidade de Mileto, uma das colônias gregas da Ásia Menor (território da atual Turquia). E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto.
Além de ter data e local de nascimento e seu primeiro autor, a filosofia apresenta um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia.
Viagens colocaram os gregos em contato com os conhecimentos de povos orientais (egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus). Os dois maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e Hesíodo, encontraram nos mitos e nas religiões desses povos e nas culturas que existiram na Grécia em tempos anteriores os elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois, seria transformada pelos filósofos.
Os gregos, porém, imprimiram mudanças profundas ao que receberam do Oriente e das culturas precedentes. Dessas mudanças, vale mencionar quatro:
1- Com relação aos mitos: quando comparamos os mitos orientais, cretenses, micênicos e os que aparecem nos relatos de Homero e Hesíodo, vemos que os poetas gregos retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral).
2- Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto é, em conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática. Assim, transformaram em matemática o que os egípcios praticavam como agrimensura para medir, contar e calcular; transformaram em medicina aquilo que, nas culturas precedentes, eram práticas de grupos religiosos secretos para a cura misteriosa das doenças.
3- Com relação à organização social e política: os gregos inventaram não apenas a ciência ou a filosofia, mas também a política. Todas as sociedades anteriores a eles conheciam e praticavam a autoridade e o governo, mas não a política propriamente dita, porque não separavam o poder político de duas outras formas de autoridade: o poder privado do chefe de família e o pode religioso do sacerdote ou mago.
De fato, nas sociedades orientais e não gregas, o poder e o governo eram exercidos como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um só homem ou de um pequeno grupo de homens. Eles possuíam o poder militar, religioso e econômico e decidiam sobre tudo, sem consultar ninguém e sem dar justificativas de suas decisões a ninguém.
Pode-se dizer que os gregos inventaram a política porque tomavam decisões com base em discussões e debates públicos e as adotavam ou revogavam por voto em assembleias públicas; porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembleias, separação entre autoridade do chefe de família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa); e, sobretudo, porque criaram a ideia da lei e da justiça como expressões da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades.
4- Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os gregos inventaram a ideia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue regras, normas e leis universais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário