segunda-feira, 11 de maio de 2015

Karl Marx e os conceitos de ideologia e modo de produção.

Modos de produção: A variação das condições materiais de uma sociedade constitui a história dessa sociedade, e Marx as designou modos de produção. Ele os define com base em três fatores principais: a forma da propriedade ou os meios de produção;a divisão social das classes e as relações sociais de produção.
A história é a mudança ou transformação de um modo de produção para outro. Tal mudança não se realiza por acaso nem por vontade livre dos seres humanos, mas de acordo com as condições econômicas, sociais e culturais já estabelecidas, que podem ser alteradas graças à práxis humana diante de tais condições. Essa constatação levou Marx a afirmar que "os homens fazem a história, mas o fazem em condições determinadas", isto é, que não foram escolhidas por eles. Também por isso ele disse: "os homens fazem a história, mas não sabem que a fazem".
Estamos aqui, diante de uma situação coletiva muito parecida com a que encontramos em nossa vida psíquica individual. Assim como julgamos que nossa consciência sabe e pode tudo, faz o que pensa e quer, mas na realidade, está determinada pelo inconsciente e ignora isso, também na existência social os seres humanos julgam que sabem o que é a sociedade. Dizem que Deus ou a natureza a criaram, instituíram a política e a história, e que os homens são seus instrumentos; ou, então, acreditam que fazem o que fazem e pensam o que pensam porque são livres e têm poder para mudar o curso das coisas como e quando quiserem.
Por exemplo, quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse nenhum peso sobre nossa vida.
A mesma coisa acontece quando alguém diz ser pobre "pela vontade de Deus", e não por causa das condições concretas em que vive. Ou quando faz uma afirmação racista, segundo a qual "a natureza fez alguns superiores e outros inferiores".
A alienação social é o desconhecimento das condições histórico-sociais em que vivemos e que são produzidas pela ação humana sob o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas. Há uma dupla alienação: ao mesmo tempo que não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, os seres humanos julgam-se indivíduos plenamente livres.
No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade; no segundo caso, ignoram que a sociedade instituída determina seus pensamentos e ações.
A partir do fenômeno da alienação, podemos compreender o fenômeno da ideologia.

A ideologia: A alienação social se exprime numa "teoria" do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida.
Um exemplo desse senso comum aparece no caso das "explicações" da pobreza. Esse senso comum social é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais, que descrevem e explicam o mundo pelo ponto de vista da classe dominante de sua sociedade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais, a dominante e dirigente, tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.
A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de indivisão social e de diferenças naturais entre os seres humanos.
Apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da ideia de "humanidade", ou da ideia de "nação" e "pátria", ou da ideia de "raça", etc. Somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidade, da inteligência, da força de vontade, entre outros fatores.
A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideias.
Por exemplo, a ideologia afirma que somos todos cidadãos e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, isso não acontece de fato. A maioria, porém, acredita que o fato de ser eleitor, pagar as dívidas e contribuir com os impostos já nos faz cidadãos, sem considerar ascondições concretas que fazem alguns seres mas "cidadãos" do que outros.

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